“Olhar para trás antes de ir para frente”, o lema de um grande conhecedor italiano de vinhos chamado Luigi Veronelli. Viajando no tempo, fui até 2014 para recordar um assunto que pessoalmente amo: espumantes estilo champenoise. Naquela época tinha visitado o produtor referência número um da Eslovênia para conhecer de perto o que estavam fazendo no mundo das borbulhas.
O tempo passou e Istenic continua sendo o líder por quantidade na produção de espumantes e, com certeza, também o único que produz uma versão de 2 mil euros a garrafa, a Rare Passion, à base de Rumeni Plavec e vendido quase exclusivamente para milionários russos (na foto ao lado, brindo com o proprietário Miha Istenic). Enquanto isso, à sua volta, outros pequenos produtores eslovenos foram aos poucos se revelando com šampanjec de ótima qualidade.
A última descoberta veio de um vilarejo famoso em toda a Eslovênia pela beleza de suas mulheres. Não por acaso, a atual primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, é originária dali: a pitoresca Sevnica à margem do rio Sava. Continuando um pouco mais acima, no alto de colinas a 400 m sobre o nível do mar, chega-se em Telce.
Aqui outro homem tombou presa de uma beldade nativa, um francês que trouxe com a sua bagagem a sua experiência de enólogo proveniente de La Champagne: François (foto abaixo), enólogo que tem no seu currículo uma passagem por Louis Roederer e diversas consultorias na Alsacia. Enfim todos os elementos para alcançar altos níveis de qualidade.
Apesar da estrutura receptiva da vinícola ainda estar em obras, o espirito acolhedor não decepciona! François teve a paciência de explicar a importância da fase de prensagem das uvas destinadas à fabricação de espumantes, que é diferente da normal vinificação em branco. Para ele, é fundamental não haver cessões de caninos, portanto não arrisca o desengace. A prensagem é feita de maneira muito suave com poucas revoluções do cilindro. Isso reduz drasticamente a quantidade de mosto obtida, mas é o preço que se paga para atingir o melhor vinho de base. A grande intuição do Domaine Slapšak foi usar castas nativas para compor o seus blends e oferecer um espumante diferente com método tradicional.
Experimentei o Penina (que em esloveno significa espumante) Brut Reserve à base de Chardonnay 30% e Zametna crnina (blanc de noir) 70%, com 22 meses sobre leveduras e que abre caminho com um frescor e elegância deliciosos, seguidos por um nariz levemente frutado e mineral. Uma tal leveza de borbulhas que o paladar agradece o carinho.
O segundo foi o Penina Brut Rosé, inteiramente a base de Zametna crnina. Repousa 18 meses sobre leveduras e traz um nariz muito cativante com romãs e morangos silvestres. Na boca ele é perfeitamente seco, e as borbulhas aveludadas deixam uma impressão frutada.
Curiosidade: a Zametna crnina, também conhecida como Žametovka, é uma das, senão a casta mais antiga de toda a Eslovênia. Na cidade de Maribor, no dia primeirode outubro, acontece o festival da videira mais antiga do mundo, exatamente de Žametovka. A vindima deste varietal é tardia, portanto o festival inicia com a colheita e continua com muitos outros eventos até o dia de São Martinho, que anuncia o fim das colheitas em 11 de novembro. Confira a programação completa aqui.