O decanter vem se tornando cada vez mais popular. É possível encontrá-lo à venda em qualquer adega e em formatos os mais diversos e criativos possíveis. Apesar disso, muitos apreciadores de vinho questionam a sua finalidade durante degustação da bebida e acham que serve mais para impressionar como decoração ou como presente. Afinal, para que serve o decanter?
A rigor, há duas justificativas para o seu uso: separar o líquido da borra em vinhos mais velhos e oxigenar os mais jovens.
A borra é resultado da fermentação do mosto (suco) da uva. As vinícolas costumam separar esse resíduo por meio de filtros ou pela gravidade, que acaba deixando a borra no fundo do recipiente de fermentação. No entanto, é comum que ela apareça novamente nos vinhos de guarda, que envelhecem em garrafa por anos. Isso acontece porque, com o tempo, taninos e pigmentos vão se desprendendo e se aglomerando.
Às vezes, a borra é mantida propositalmente pelas vinícolas. É muito comum nos Portos Vintage e nos chamados vinhos de autor. Os enólogos, autores dos vinhos, não filtram a bebida para dar maior complexidade de sabor e aroma.
Nesses casos, o decanter serve para separar os sedimentos da bebida. Para isso, é necessário que a garrafa fique em pé durante, pelo menos, 12 horas. As borras irão se acumular naturalmente no fundo da garrafa e, na hora de beber, basta verter o líquido delicadamente no decanter. Vale lembrar de não agitar muito a garrafa nesse processo.
Os vinhos mais jovens também não estão a salvo de resíduos. As baixas temperaturas nas adegas e geladeiras podem gerar pequenas cristalizações no líquido. Além disso, a presença excessiva de taninos é comum entre eles e deixa um gosto adstringente, agressivo ao paladar. Nesse caso, o acessório serve para oxigenar, arear o líquido e tornar o vinho mais “macio”. O decanter coloca o líquido em contato com o oxigênio, que vai reduzir os taninos, evaporar parte do teor alcoólico e intensificar os aromas.
Então, quando o decanter pode ser dispensado? Na teoria, os vinhos com borra e os considerados tânicos devem ser decantados. Por essa lógica, vinhos brancos, que não apresentam taninos, dispensam o seu uso e também os vinhos jovens que pareçam equilibrados. A teoria, no entanto, não impede que você use o decanter por motivos estéticos.
Vale alertar que as bebidas mais antigas, acima de 15 anos, devem ser depositadas no decanter com o máximo de cuidado e servidas imediatamente. Como já está em adiantado estado de oxidação, arear o líquido pode acabar com os aromas dele.
Alguns modelos curiosos para você se inspirar:
Portanto, na hora de usar o decanter, tenha cuidado com os vinhos mais antigos, mas não se preocupe muito com teorias rígidas. Siga sua experiência e sua intuição. O maior perigo do decanter é deixar o ritual de degustação mais bonito ainda.
Por Priscila Minussi
Muito bom.
Olá,
E com relação aos aeradores instantâneos, eles têm o mesmo efeito?
Abraço,
Luiz Fernando.
Vinho e amor. Amei a pg. Add