O que há por trás do Monte Velho

Uma simples dica do Chef Pedro Castro Neves, do Rosita Café (Avenida das América, 500 – Shopping Downtown, Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro), colocou uma dúvida na minha cabeça. No meio de uma conversa com amigos, após um almoço, na qual orientava a compra de alguns rótulos no formato custo/qualidade, pois lá, além do ótimo restaurante, existe também uma bela adega com vinhos à venda, ele chegou e perguntou baixinho: – Vocês já experimentaram o Monte Velho 2011?

Naquela sexta feira, ele não conseguiu vender para nenhum de nós três o português do Alentejo engarrafado pela Herdade do Esporão, mas deixou a semente para uma busca posterior, o que fiz no sábado. O Monte Velho é um vinho fácil de encontrar no supermercado, mas, confesso, nunca havia comprado uma única garrafa até o sábado passado, quando pesquisava barganhas nas casas do final do Leblon.

Na Garrafeira (Rua Dias Ferreira, 259 –  21 2512 3336), arrematei um bom rótulo argentino por preço convidativo e dei de cara com o Monte Velho do ano 2012. Para confirmar a dica do Chef Pedro Castro Neves, comprei uma garrafa de 375ml (R$ 30,00), coloquei na adega e esperei o final do domingo. A maior, de 750ml, em alguns supermercados, nem chega a custar R$ 46,00.

Confirmei que é um vinho descomplicado e indicado para várias ocasiões, com uma versatilidade para muitos tipos de comida e dono do perfil com aquele rótulo de “fácil de beber”. Elegante, suave, macio, com notas de frutas.

Pelas indicações, combina com pizza calabresa, panqueca, bife parmegiana, picanha grelhada com molho de ervas, churrasco e almôndega de frango. No meu caso, ele acompanhou uma salada verde de final de domingo misturada com alguns pedaços de frango. Não tenho do que reclamar.

O Monte Velho 2012 é produzido com uma variedade de uvas locais, como Aragonez, Trincadeira e Touriga Nacional, e no caso desta garrafa que abri, recebeu também a internacional Syrah. Tem 14% de teor alcoólico, mas é de uma suavidade surpreendente.

Sua produtora, a Herdade do Esporão, fundada em 1973, mas que teve sua primeira adega somente construída no ano de 1987, está localizada em Reguengos de Monsaraz, no Alentejo. É reconhecida com um símbolo da região, com grande relevância econômica, cultural e histórica. Investe fortemente em tecnologia e seus vinhos foram eleitos por muitas vezes os melhores vinhos de Portugal.

O Alentejo foi a segunda região de Portugal a se destacar internacionalmente, depois do Douro, e passou a chamar a atenção dos especialistas na década de 1990. Sua evolução tem sido impressionante, a ponto de o crítico norte-americano Robert Parker ter se surpreendido recentemente quando lhe foram apresentadas algumas garrafas do Alentejo, perguntando aos seus anfitriões porque eles esconderam aquelas jóias raras por tanto tempo.

O estilo da região lembra muito os vinhos do Novo Mundo, de taninos macios, maduros, frutados, fáceis de beber e de guarda média.

Particularmente sobre a descoberta do alentejano Monte Velho, guardei a dica, fiz a compra por um bom preço e o terei sempre na adega, não somente para motivar aquele final de domingo para acompanhar sobras do almoço, mas também para outras ocasiões, quando ele, certamente, vai fazer bonito.

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