Tonéis não são os únicos recipientes em que se pode fermentar uva. Há um método ancestral e artesanal para esse fim, no entanto, pouco conhecido. O chamado kvevri – ou qvevri – é um recipiente de barro que serve para fermentar a uva e foi criado na Geórgia há mais tempo do que se pode imaginar…
Situada na fronteira entre Europa e Ásia, Geórgia é considerada o berço da vinificação no mundo. Arqueólogos acreditam que a prática existe na região desde o ano 6.000 a.C. – ou seja, há 8.000 anos! O país é pequeno, tem forte presença do cristianismo ortodoxo e uma língua própria – o georgiano. Mas o que torna Geórgia tão especial é a incorporação do vinho na sua cultura e na sua fé. A convivência com o vinho é transmitida de pai para filho há gerações.
Na produção de vinho georgiano, as uvas são fermentadas em ânforas de barro – os kvevris – e enterradas no solo. Essas ânforas têm uma camada de cera de abelha na parte interna e são fruto do trabalho artesanal dos próprios produtores georgianos. Foram inclusive usadas para armazenar alimentos como manteiga, vodca, queijo e perecíveis no passado.
Esse “jarro gigante” não foi de uso exclusivo da Geórgia, outros países da região também o usavam para armazenar alimentos. No entanto, somente na Geórgia o kvevri tem como função principal a produção de vinhos. Assim, em dezembro de 2013, a tradição foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade, pois desempenha um papel vital na vida cotidiana e nas celebrações, além de ser parte inseparável da identidade cultural das comunidades georgianas, com vinho e vinha sendo freqüentemente evocados nas músicas locais.
Os kvevri normalmente são enterrados no chão da adega ou no Marani, um lugar encontrado em quase todas as casas rurais e considerado sagrado, e neles são colocadas as uvas, as cascas e até os engaços – pequenos galhos das videiras. Tanto vinhos tintos como brancos podem ser produzidos. Mas os brancos resultantes dessa prática têm uma peculiaridade: possuem taninos, o que é bastante raro.
A cultura do kvevri se espalhou para outros países, como Eslovênia, Itália, Armênia e Croácia. Isso aconteceu por causa da expansão do gosto pelo vinho laranja e natural. Esse tipo de vinho é feito com as cascas, que promovem a coloração laranja, sabores e aromas florais e cítricos. Os produtores afirmam que a bebida é estável por natureza, não precisando de conservantes químicos para assegurar a longa validade.
O título de Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade ajudará a manter vivo o kvevri autêntico entre os produtores e fortalecer a cultura vinícola da Geórgia. Esse é mais um exemplo da importância histórica do vinho e como é necessário preservá-la.
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Interessante torna o vinho mais antigo ainda.
Gostei do processo artesanal Gerogeano e achei interessante este método. O produto deve ficar ou devia ficar uma delícia ao degustá-lo. Será que ainda é processo em outras regiões? Quais?
Abraços
Vinos veritas.
Esposito
Oi, Esposito! Outros países próximos da Geórgia utilizam o kvevri para armazenar alimentos, mas não para produzir vinho.
Além de uma ótima história do vinho, melhor ainda é saber um pouco da nação Geórgia!
Muito parecido com a fermentação da cerveja!
Adorei aprender sobre a produção do vinho na Geórgia.
Parabéns!
Abraços
Muito interessante, principalmente o fato do vinho não levar conservantes.
Hummmm…Pela tonalidade fiquei imaginando se o gosto seria como o de um Sauternes…
Além de conhecer a cultura dos Georgianos produzirem vinhos, E o tempo dessa cultura é muito interessante, Já o vinho laranja me deixou bastante curioso quanto o seu sabor.
Boa. Noite vou tentar fazer na minha adega subterrânea já tenho pote de barro de 200 litros e vou enterrar cfe descrito existe algum macete ou é só colocar as uvas com bagaços amassadas ? Se alguém souber passo a passo agradeço