Louis Pasteur (1822-1895) foi um brilhante cientista, químico e bacteriologista francês que revolucionou os métodos de combate às infecções no século XIX.
Entre outros méritos, desenvolveu a vacina contra raiva, descobriu a cólera da galinha e o anthrax (bactéria que dizimava os rebanhos), bem como conscientizou todo o mundo sobre a importância da higiene, tornando-se precursor da microbiologia e da imunologia.
Mas o que esse brilhante cientista tem a ver com o vinho?
No contato com viticultores em Arbois, no Jura, onde vivia, Pasteur começou a se interessar pelos processos microbiológicos associados à fermentação dos vinhos.
Foi então desafiado a resolver um problema que assolava a indústria vinícola, cujos vinhos avinagravam muito depressa.
Após várias pesquisas, Pasteur descobriu que o problema era provocado pela presença de microorganismos e descobriu também que esses microorganismos não resistiam às altas temperaturas. Aquecendo as bebidas entre os 55ºC e os 60ºC por alguns minutos e depois resfriando, de maneira a não deteriorar o líquido nem afetar seus aromas, o químico conseguiu resolver o problema.
Com isso, notou que os microrganismos presentes na bebida não se proliferavam mais e, assim, o vinho se mantinha íntegro por mais tempo. Tinha então acabado de inventar a pasteurização, em 1862.
Se não fosse ele, não saberíamos, por exemplo, o papel das leveduras na transformação do açúcar em álcool. E que a fermentação era realizada por um microorganismo vivo. Ou seja, a fermentação, mais do que um processo químico, era um processo orgânico.
O processo de pasteurização foi revolucionário e passou a ser usado para a conservação do leite, da cerveja e de outras substancias, tornando-se de fundamental importância para a indústria de alimentos e bebidas fermentadas.
No que concerne ao vinho, com o tempo descobriram-se outras formas de preservá-lo sem necessariamente precisar pasteurizar.
Outras importantes descobertas
Na área da Medicina, Pasteur descobriu a vacina contra a raiva, em 1885, sendo o responsável pelo primeiro tratamento contra a raiva humana.
Alertou a todos para a importância da higiene – até então, acreditava-se na teoria da “geração espontânea” – para a não proliferação de doenças.
A Teoria da geração espontânea, defendida por Aristóteles, consiste em considerar que certos seres vivos (entre os quais os microorganismos estudados por Pasteur) nasciam de maneira espontânea, simplesmente pela junção de fatores externos e sem nenhum recurso a outras substâncias orgânicas.
Com seu trabalho, Pasteur demonstrou que esses organismos nascem de germes já existentes, microrganismos já presentes no ar, capazes de se desenvolver e multiplicar, podendo gerar contaminação e causar doenças.
Foram seus estudos que trouxeram formas de prevenção e combate aos germes, enfatizando a necessidade de melhorias nas práticas hospitalares, como a esterilização de equipamentos.
Maison Louis Pasteur: patrimônio único e autêntico
Trata-se da uma bela casa localizada em Arbois, no Jura, onde Louis Pasteur viveu desde os oito anos de idade.
O químico nunca se desfez da casa, sendo a única que possuiu em toda a sua vida e onde regressava todos os anos para passar férias.
Tombada como monumento histórico em 1937, a Maison Louis Pasteur – atualmente propriedade da Fundação da Academia de Ciências (fondation de l’Académie des Sciences) – hoje é um museu consagrado à memória e ao trabalho do cientista.
Recebeu o selo “Maisons des Illustres” do Ministério da Cultura e Comunicação em 2011.
É aberta à visitação, que pode ser independente ou guiada.
A casa foi preservada exatamente como era quando Pasteur a habitava, mergulhando o visitante no ambiente de vida e trabalho do cientista. É um patrimônio absolutamente único.