Reconhecido como um dos grandes especialistas em vinhos italianos, o enólogo Vincenzo Protti atravessou o Atlântico há alguns anos para dividir sua sabedoria na América Latina.
O italiano nascido em Rimini, na região da Emília-Romanha, mudou-se para o Brasil no início de 2012, para viver no país de sua esposa. A escolha afetiva não atrapalhou os planos do doutor em Enologia pela Universidade de Bologna, muito pelo contrário. No Brasil, Protti pode expandir seus conhecimentos sobre o vinho italiano viajando pelos estados brasileiros e por outros países, como o Paraguai, como consultor da norte-americana Giowine, empresa que representa as melhores vinícolas italianas na América do Sul.
Protti ainda cursou Marketing do Vinho na Universidade Jiao Tong em Xangai, na China, mas essa história é capítulo para outro post.
Hoje, o simpático enólogo nos presenteia com uma análise do vinho Brolo di Campofiorin Oro 2011, uma obra-prima da renomada vinícola Masi. Deguste conosco a análise abaixo e aproveite para deixar seu comentário aqui no blog!
Brolo di Campofiorin Oro 2011
A característica organoléptica que mais me encanta nos grandes vinhos é o aspecto táctil que eles conseguem transmitir na boca. No Brolo di Campofiorin Oro 2011, essa característica é enfatizada na sua textura. O vinho italiano literalmente gruda nas papilas gustativas após de ser tomado, promovendo uma persistência de boca impressionante, que alcança os 20 segundos. O Brolo pertence a uma nova categoria de vinhos da região do Vêneto, produzidos com a mesma técnica do Amarone, que é o appassimento (ou passificação): quando as uvas são mantidas secando em caixas com temperatura e umidade controladas, fazendo com que concentrem aromas e açúcares. Esse é, com certeza, um dos motivos pelos quais a sua textura se destaca.
O nome “brolo” é o equivalente de “clos” em francês, termo utilizado na Borgonha para estabelecer uma vinha cercada por antigos muros de pedras. As uvas utilizadas são Corvina e Rondinella, comuns a outros vinhos locais, e Oseleta, variedade nativa redescoberta pela vinícola Masi, que confere estru
tura, corpo e reflexos violetas na cor dessa bebida única e inesquecível. O vinho é rico, complexo e bem estruturado, com uma correta “veia de acidez” que empresta frescor e flexibilidade gastronômica. Os taninos são finos, o que deixa o vinho com um equilíbrio geral sedutor. Os aromas percebidos no nariz se refletem também, com a mesma intensidade e qualidade, na boca. Na minha opinião, a correspondência olfato/paladar é outro parâmetro fundamental aos grandes vinhos para que sejam definidos como tais.
O Brolo é maturado por 24 meses em barris de 600 litros, permanecendo no mínimo seis meses na garrafa antes da sua comercialização. Tem cor vermelha rubi intensa e cintilação violeta que evolui para granada com o passar dos anos. O aroma lembra frutas vermelhas, com notas de cereja, tabaco e café. Na boca, o impacto é quente, devido à gradação equilibrada de 14% de álcool. O potencial de guarda do Brolo é de 20 anos na sua versão de 750ml e superior aos 20 na sua versão magnum de 1,5 litros.
Minha sugestão de harmonização é com carnes com alta intensidade de sabor como cordeiro, bisteca fiorentina, javali, massa com trufas e carnes vermelhas em geral.
Por Vincenzo Protti
Grande Vincenzo parabéns pelo trabalho e pelo post.
Tenho muito orgulho de ser seu amigo e padrinho de casamento.
Abraço
Ótimo post de quem conhece como ninguém os vinhos desse grande produtor. Com certeza, teremos ótimas dicas nesses post do Vincenzo.
Muito interessante esse site e este post! Parabéns ao enólogo pelo texto. Fiquei com vontade de experimentar mais esse Masi.