Vira e mexe aparece alguma controvérsia no mundo dos vinhos. A mais recente envolve uma das DOCG mais nobres da Toscana: o Vino Nobile de Montepulciano.
Há tempos causa de equívocos e discussões com o vizinho Montepulciano de Abruzzo, o Vino Nobile andou por longo tempo em hibernação sob a sombra dos mais renomados “Brunello de Montalcino” ou até mesmo o “Chianti Classico” que recuperou um pouco da fama e charme dos anos 70. Talvez a culpa dessa “invisibilidade” resida no fato de que o vinho ainda que originado da casta Sangiovese não tenha uma identidade bem definida. Como isso aconteceu? Pela normativa do DOCG, o Nobile de Montepulciano é feito com pelo menos 70% de Sangiovese podendo ser complementado com outras variedades além da possibilidade de usar 5% de castas brancas. Pois a permissividade da própria DOCG deu a luz à inúmeros vinhos de estilo internacionais com integração de castas como Cabernet e Merlot na porcentagem consentida.
Um grupo de produtores “acordou” deste longo período de sono ao criar uma associação com objetivo de relançar a DOCG seguindo critérios bem rígidos, aplicados por auto-disciplina. Eles elaboraram regras quase religiosas e a mais extrema seria a utilização de somente castas indígenas para respeitar e identificar a expressão do território. As sérias intenções deste grupo de produtores continuam através da aplicação de um código ético nos processos enológicos com redução drástica do uso de produtos químicos no tratamento das vinhas e também o controle da produtividade que passa a 5000kg por hectare. Mais novidades seguirão pela frente pois pretendem criar uma denominação especial para vinhos feitos com videiras antigas com ao menos 40 anos de idade.
Como nem tudo é água de rosas, o nome com o qual batizaram a associação – “Terranobile” – foi recusado pelo próprio Consorcio o qual não deseja ter alguma menção que faça referencia à DOCG. Daí o novo nome: “Vignaioli Montepulciano”, ou seja vinhateiros Montepulciano.
Vamos torcer para que estes 10 produtores associados tenham acertado no alvo, uma certeza resta, a produção artesanal em quantidades limitadas já é uma promessa de ótimos vinhos!