É de um conjunto de suaves colinas ao norte da Itália que vem a maior produção de vinhos do país. Trata-se de Valpolicella, a pérola de Verona. Talvez você associe a região a certos vinhos que invadiram os supermercados brasileiros, produzidos em escala industrial e de paladar pobre. Esqueça-os. Há, de fato, produtores apressados que tentam ganhar os consumidores menos exigentes pelo nome apenas. Mas os modernos Valpolicella são extremamente interessantes e bem feitos.
Os vinhos de Valpolicella são certificados com DOC – denominação de origem controlada – e, desde 2009, as produções de Amarone e de Recioto passaram a DOCG – denominação de origem controlada e garantida. São, portanto, quatro produções exclusivas que justificam a fama e os elogios à região: Amarone, Recioto, Valpolicella e, junto deles, Ripasso.
Como vimos em matéria recente da nossa especialista Ada Regina Freire, o Amarone é o de maior teor alcóolico – entre 14% e 17%. Isso é resultado do appassimento, a técnica de desidratação parcial dos cachos de uva. Em épocas de maior umidade, o fungo Botrytis cinerea dá um toque especial às videiras. Se colhidas na altura adequada, as uvas afetadas pela podridão nobre dão origem a vinhos com características especiais, em sabor e doçura. É uma excelente opção para acompanhar pratos de carne e queijo maduros. O Amarone pode ser bebido jovem, mas mantém seus traços por mais de 20 anos. No Brasil, uma garrafa não é vendida por menos de 300 reais. Mas não se intimide pelo preço. A experiência vale a pena, especialmente se dividida entre amigos.
Irmão mais novo do Amarone, o Recioto é um vinho de sobremesa feito apenas com a parte mais madura do cacho de uva. É um vinho mais leve e barato. O Recioto é resultado da combinação entre a desidratação parcial das uvas e a fermentação interrompida. De cor vermelha intensa e escura, acompanha muito bem queijos e doces.
Valpolicella é outro famoso vizinho do Amarone. Em alguns rótulos desses dois vinhos, aparece a descrição “classico”. Isso quer dizer que foram feitos na zona central de Valpolicella. Simples e com um preço mais modesto, é um vinho com teor alcóolico não muito alto – entre 11% ou 12%. É uma bebida com poucos taninos e que não deve envelhecer: está pronto em 2 ou 3 anos. Se repousado durante um ano em adega, passa a ser denominado superiore. Valpolicella tem em pratos típicos de inverno, carnes e queijos a sua harmonização ideal.
Já o Ripasso pega carona, literalmente, em algumas características do Amarone. Ele é colocado em barricas por onde já esteve o Amarone, ganhando mais complexidade e acidez. O que se dá é uma nova fermentação no vinho e nas cascas das uvas do Amarone, doando algumas de suas propriedades gustativas ao Ripasso. Menos conhecido da região e com preço acessível, também é uma boa pedida para acompanhar pratos de carne e queijo.
Não faltam motivos para degustar os vinhos dessa região que é mesmo uma pérola. Com o outono chegando e o calor diminuindo, aproveite para reservar algumas garrafas e chame os amigos para dividir. Saúde!
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Por Priscila Minussi